O amianto ou asbestos é uma fibra de origem mineral que existe em abundância na natureza e que, devido às suas propriedades físico-químicas e baixos custos de produção, foi amplamente utilizada no fabrico de milhares de produtos em diversos setores da indústria e construção até meados dos anos 90, encontrando-se presente nestes até aos dias de hoje.
Tipos de amianto
O Decreto-Lei 266/2007, de 24 de Julho, divide os vários tipos de amianto de acordo com o número de registo admitido internacionalmente do Chemical Abstract Service (CAS):
- Amianto actinolite, n.º 77536-66-4 do CAS;
- Amianto grunerite, também designado por amosite, n.º 12172-73-5 do CAS (amianto castanho);
- Amianto antofilite, n.º 77536-67-5 do CAS;
- Crisótilo, n.º 12001-29-5 do CAS (também conhecido por amianto branco);
- Crocidolite, n.º 12001-28-4 do CAS (amianto azul);
- Amianto tremolite, n.º 77536-68-6 do CAS.
Propriedades do amianto
- Incolor (sem cor) e inodor (sem cheiro)
- Isolante térmico (dificulta a dissipação do calor)
- Incombustível (não arde)
- Resistência mecânica e a altas temperaturas (forte, resistente ao calor e a químicos)
- Flexibilidade (facilidade em ser tecido)
- Durabilidade
- Baixo custo
Devido à sua reduzida dimensão as fibras de amianto podem permanecer em suspensão na atmosfera durante longos períodos e, por serem usualmente invisíveis a olho nu, podem ser inaladas por pessoas desprevenidas.
Materiais contendo amianto
As fibras de amianto eram geralmente misturadas com outros materiais que se transformavam num só para serem usados em vários outros produtos.
O termo “material contendo amianto” (MCA) é utilizado para designar todos os materiais que na sua composição possuam mais de 1% de fibras de amianto.
Atualmente pode ser encontrado amianto nos seguintes materiais:
- Isolantes de Sistemas Térmicos: Tubos, conexões, caldeiras, tanques/reservatórios, condutas ou outros componentes mecânicos que previnam a perdas ou ganhos de calor ou a condensação da água;
- Materiais de Revestimento: Projectados, aplicados manualmente ou de qualquer outra forma aplicados à superfície . Ex: tectos falsos com revestimento acústico, materiais à prova de fogo aplicados em peças estruturais;
- Materiais Diversos: Portas de fogo, tectos falsos, fibrocimento, materiais para tectos, pavimentos vinílicos, selantes, cortinas anti-fogo, etc;
- Presumíveis MCA: Todos os materiais de construção aplicados em sistemas de isolamento térmico antes de 1991 que não se prove que não contêm amianto;
- Quebradiços /não quebradiços: Os materiais quebradiços são aquelas que se podem esmagar com a pressão da mão. Desta forma, tendem a libertar fibras mais rapidamente. (ex.: revestimento de tubos).
Vias de exposição ao amianto
As três vias de exposição ao amianto são a cutânea, por ingestão e por inalação. Contudo, segundo a OMS, o amianto torna-se um risco para a saúde apenas quando inalado.
O amianto não possui propriedades visíveis, i.e., sabor ou cheiro, e as respostas (a nível da saúde) à sua exposição não são imediatas, sendo que o período de latência é cerca de 30 anos, em média. Desta forma, é possível estar-se exposto sem se perceber.
Perigosidade do amianto e doenças associadas
De acordo com o Decreto-Lei 266/2007, de 24 de Julho, relativo à proteção sanitária dos trabalhadores contra os riscos de exposição ao amianto durante o trabalho, o amianto constitui um importante factor de mortalidade relacionada com o trabalho e um dos principais desafios para a saúde pública ao nível mundial, cujos efeitos surgem na maioria dos casos vários anos depois das situações de exposição.
No entanto, o perigo é uma fonte de risco, mas não um risco em si, i.e., a mera presença de amianto não indica exposição ao mesmo, nem a exposição leva necessariamente a lesões.
Vários estudos divulgados após 1960 estabelecem uma relação causal entre a exposição ao amianto e o cancro do pulmão, demonstrando que a sua frequência é
10 vezes superior em trabalhadores expostos ao amianto durante 20 anos ou mais do que na população em geral.
As doenças relacionadas com o amianto, resultam, em regra, de uma exposição profissional em que houve inalação contínua e permanente das fibras respiráveis, em que estas se alojam nos pulmões e aí permanecem durante vários anos, podendo originar doenças, anos ou décadas mais tarde.
A exposição prolongada ao amianto pode causar as seguintes doenças:
- Asbestose – Cicatrização fibrótica do tecido pulmonar. A cicatrização ocorre nos sacos de ar (alvéolos) onde a troca do oxigénio e dióxido de carbono ocorre;
- Mesotelioma – Cancro do peito ou do forro da cavidade abdominal. É a mais debilitante de todas as doenças relacionadas com amianto, com o cancro a expandir-se rapidamente;
- Cancro do pulmão
- Cancro gastrointestinal.
A exposição ao amianto e a outros cancerígenos aumenta o risco de desenvolver cancro. Este aumento de risco é especialmente pronunciado entre os fumadores, 50
70 vezes mais do que a exposição única a amianto.
O Valor Limite de Exposição (VLE) profissional a fibras de amianto é a concentração de fibras respiráveis de amianto, calculado com base numa média ponderada no tempo para um período diário de 8 horas. Segundo o Decreto-Lei 266/2007, de 24 de Julho, este valor é fixado em 0,1 fibra/cm3 para todos os tipos de fibras de amianto.
No que se refere à exposição da população em geral, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a concentração de fibras de amianto em suspensão no ar deverá ser inferior a 0,01 fibra/cm3 (indicador de área limpa).